Nas últimas safras de soja, os agricultores brasileiros têm enfrentado um desafio crescente: a praga denominada cascudinho-da-soja (Myochrous armatus). Esse inseto tem causado danos severos nas lavouras, especialmente na região Centro-Oeste, aumentando sua expressão como praga da cultura e, consequentemente, as preocupações com os prejuízos decorrentes de seu ataque.
Com pelo menos sete anos de ocorrência intensa na região sul do Mato Grosso, sua incidência tem se expandido rapidamente para o médio-norte e norte do Estado. Essa expansão geográfica é preocupante, pois, apesar da baixa mobilidade do inseto, uma vez estabelecido, ele é de difícil controle.
Além disso, o cascudinho-da-soja tem provocado sérios prejuízos no Centro-Oeste do Mato Grosso do Sul desde a safra 2017/2018, especialmente nas regiões de Coxim e Sonora. A safra 2021/2022 registrou uma alta ocorrência da praga em muitas áreas agrícolas do Estado, resultando em danos significativos nas fases iniciais da cultura e exigindo replantios que atrasaram a colheita. Na safra 2022/2023, regiões como Campo Grande e Chapadão do Sul, que antes tinham baixa incidência, passaram a sofrer ataques severos.
A safra 2023/2024 gerou desafios adicionais devido ao calor e à seca causados pelo fenômeno El Niño, exacerbando a incidência da praga e representando uma ameaça significativa à produtividade das lavouras de soja no Centro-Oeste do Brasil.
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Como identificar o cascudinho-da-soja?
O cascudinho-da-soja é um inseto cujas larvas são amareladas e vivem no solo, alimentando-se de matéria orgânica e raízes de diversas espécies.
Os adultos medem aproximadamente 5 mm de comprimento por 3 mm de largura, apresentam coloração preto-fosco com variações que podem ir do marrom ao acinzentado, dependendo do tipo de solo onde vivem, pois partículas de solo ficam aderidas ao seu corpo. A margem lateral da parte anterior do tórax do adulto é dentada e seu corpo é recoberto por escamas curtas e robustas.
A identificação correta do cascudinho-da-soja é crucial para o manejo eficaz das pragas nas lavouras. No entanto, essa identificação pode ser problemática devido à semelhança com outro inseto, o torrãozinho (Aracanthus mourei).
Embora ambos sejam besouros, pertencem a famílias diferentes: o cascudinho-da-soja pertence à família Chrysomelidae, enquanto o torrãozinho é da família Curculionidae. As principais diferenças morfológicas entre eles incluem as antenas e a cabeça, sendo que o torrãozinho tem a cabeça prolongada, característica comum entre os parentes do bicudo-do-algodoeiro.
Essa confusão entre as duas espécies pode levar ao uso incorreto de medidas de controle, impactando negativamente a produtividade e a lucratividade das lavouras. Portanto, é essencial que os produtores sejam capazes de distinguir corretamente entre o cascudinho-da-soja e o torrãozinho para assegurar a eficácia das estratégias de manejo e minimizar os prejuízos econômicos.
Uma das características comportamentais mais notáveis do cascudinho-da-soja é uma estratégia de defesa conhecida como tanatose, em que ele se finge de morto e permanece imóvel quando se sente ameaçado.
Além disso, apresenta capacidade de voo limitada e frequentemente se esconde no solo, rente ao caule da planta, dificultando ainda mais a detecção e o controle.
Quais danos o cascudinho-da-soja causa?
Os danos causados pelo cascudinho-da-soja ocorrem principalmente na fase adulta do inseto e têm início logo após a emergência das plantas de soja (VE), ocorrendo até V5, período que coincide com o início das chuvas. Durante os períodos secos, o cascudinho permanece no solo em estado de pupa por cerca de sete meses, até que as condições se tornem favoráveis para a emergência dos adultos.
Os adultos alimentam-se de plântulas, caule, hastes e pecíolos, causando danos maiores quanto mais jovens forem as plantas de soja. O ataque pode inviabilizar o desenvolvimento da cultura, levando à falha no estande e resultando em plantas com desenvolvimento inicial reduzido, amarelecimento, murcha, tombamento e morte. Esses sintomas geralmente aparecem em áreas irregulares na lavoura.
Os indicativos de infestação do cascudinho incluem plântulas sem o ponteiro, hastes principais decepadas, folíolos pendentes e presença de folhas inteiras caídas ao solo, que servem de abrigo para os adultos.
Quando a infestação coincide com uma estiagem, os problemas são agravados, resultando na morte das plantas ou no enfraquecimento do caule, o que é perceptível no estágio reprodutivo da planta.
Os adultos também podem infestar plantas mais desenvolvidas, atacando pecíolos e hastes finas, que murcham e secam. Durante o florescimento, alguns adultos podem ser observados, e há estudos sobre a capacidade do inseto de cortar flores e vagens em estágio de canivete, ressaltando a necessidade de monitoramento constante.
Como controlar o cascudinho-da-soja?
O controle do cascudinho-da-soja exige uma abordagem integrada e multifacetada, seguindo os princípios do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Esse inseto apresenta comportamentos peculiares que dificultam seu controle, como o hábito de se abrigar na palhada ou sob torrões de solo durante o dia, protegendo-se do contato direto com inseticidas. Portanto, estratégias eficazes envolvem o uso de várias táticas em conjunto.
Monitoramento e nível de ação
O monitoramento é fundamental para o manejo do cascudinho-da-soja. A prática do pano de batida é essencial para identificar a presença e a quantidade de insetos na lavoura. Embora o nível de controle específico para essa praga ainda esteja em estudo, o monitoramento constante permite determinar quando as intervenções são necessárias.
Manejo do sistema de cultivo e controle de plantas daninhas
O cascudinho-da-soja é um inseto polífago que se alimenta de diversas espécies de plantas, incluindo braquiárias, fedegoso, amendoim-bravo, feijão e milho. Portanto, o manejo eficaz do cascudinho não se restringe ao controle direto do inseto, mas envolve o manejo do sistema agrícola como um todo.
É essencial controlar plantas daninhas e plantas tigueras de milho, que podem servir de abrigo e fonte de alimento para o cascudinho. Na safra 2022/2023, foi observada uma maior incidência do cascudinho em sistemas de plantio soja/braquiária e soja/milho devido ao volume de palhada presente, que fornece abrigo aos adultos.
Tratamento de sementes
O tratamento de sementes é indispensável, pois oferece proteção inicial às plântulas durante a fase mais crítica do ataque do inseto. Essa prática protege as plantas jovens quando são mais vulneráveis, reduzindo a probabilidade de danos severos que poderiam comprometer o estande da cultura.
Manejo químico e biológico
Em áreas com altas infestações, geralmente são necessárias aplicações foliares adicionais para minimizar os danos. Aplicações foliares iniciais, quando a planta ainda está com o primeiro par de folhas, são recomendadas. Realizar pulverizações noturnas, quando o inseto está mais exposto, pode aumentar a eficácia dos tratamentos.
Além disso, a associação de produtos biológicos pode complementar o controle químico, contribuindo para uma abordagem mais sustentável e eficaz. A rotação de princípios ativos é uma prática crucial.
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